terça-feira, 29 de maio de 2018

"Tinha que ser mulher" - O machismo em Counter Strike: Global Offensive

Esse post é mais um desabafo do que qualquer coisa, mas também é uma crítica importante. Por isso, se por acaso você é um garoto gamer e está lendo esse texto, tenha empatia, preste atenção e procure reconhecer e mudar atitudes ruins que você possa ter em jogos.

Vamos prestar atenção

Como eu disse nesse post, há algum tempo eu me embrenhei no mundo de Counter strike: Global offensive. Nunca tinha jogado um FPS (jogo de tiro em primeira pessoa) que tivesse me prendido tanto como CS:GO. No início não gostei dele - o casual é um saco e corrida armada mal dá pro gosto -, mas resolvi tomar coragem pra jogar no competitivo e, antes
 que percebesse, eu estava realmente me divertindo.


Algo que eu experienciei pela primeira vez com CS:GO foi o chat por áudio. League of Legends, Osu!, Grand Chase, Perfect World, TERA, nenhum outro jogo com multiplayer online que eu já tivesse jogado tinha chat por áudio. Ele acaba se mostrando essencial no CS, e é muito positivo para que se avise rápido onde o inimigo se encontra e coisas do tipo.

...Mas é também com ele que vem a parte chata. No LoL (League of Legends), que é um jogo que todos sabem que não possui uma comunidade muito agradável, eu por muitas vezes me passava por garoto pra não ter que sofrer preconceito. Com o chat por áudio, entretanto, isso não é possível. Algumas vezes me confundem com uma criança, mas boa parte do tempo percebem que sou uma garota. E o resultado nunca é agradável.


No meio do tiroteio do Prata 1 (rank mais baixo do CS:GO), escutei garotos me ofendendo, me pedindo em namoro e, enfim, sempre ou me cantando ou me humilhando, repetidamente, por diversas partidas - simplesmente por eu ser uma garota. Teve uma vez que eu fiquei tão, mas tão mal com isso que fiquei alguns meses sem querer voltar pro jogo (Um ser idiota disse coisas bem pesadas e bem machistas pra mim). 

Enfim. Acelerando pro presente (jogo CS:GO desde 2016, com muitas idas e vindas), não sofro mais tanto com isso. Agora que estou numa patente mais alta, as pessoas jogam mais em silêncio. Eu também aprendi a deixar a minha voz um pouco mais grossa, falar só pra dar localizações bem rapidamente (de maneira que não possam perceber que sou garota) e afins. Mas de vez em quando ainda sou incomodada com a pergunta "Você é mulher?".


Quando isso acontece e acabam percebendo que sou uma garota, muitas vezes o assédio vai além do áudio: Quando eu silencio quem está me assediando ou os ignoro, a reação deles é tentar atrapalhar o meu jogo, seja atirando em mim, pulando na minha frente quando eu estou mirando, se posicionando na frente de portas/passagens para que eu não possa passar... É insuportável. E se eu não mutá-los e responder, sofro mais assédio. É muito difícil. Alguns já foram removidos da partida pelo resto do meu time, mas a maioria continua até o final, trollando o jogo simplesmente por não ter recebido atenção de uma garota. 


Outra coisa que percebi ser muito comum é como os elogios e as críticas se dão. Se um cara joga mal, falam pra ele "Nossa, cara, você joga muito mal" (geralmente não tão educadamente, mas enfim). Quando eu jogo mal e perceberam que eu sou uma menina, dizem "Tinha que ser mulher", "Lugar de mulher não é no CS" e, também, o que aconteceu há algum tempo e me deixou com vontade de vir escrever esse post: "Aposto que ela é namorada de alguém do time".


Não teria problema nenhum se eu fosse namorada de alguém do time, oras. Inclusive eu convenci meu namorado a comprar CS:GO e muitas vezes jogamos juntos. Mas assumir que eu só estaria ali com um namorado, como se eu não pudesse jogar CS por mim mesma - já que eu sou uma garota -, foi simplesmente ridículo. E mais, era como se estivessem dizendo que eu não merecia estar no elo que eu estava, ou seja, que eu tinha sido carregada até lá.

Nessa hora soltei um "Quer dizer que eu só posso jogar CS se eu tiver um namorado?" que foi respondido pelo silêncio patético de três membros e um deles dizendo "Ouch". No fim, acabei jogando bem e consegui ganhar rounds sendo a última viva contra vários do time inimigo.


Quando isso aconteceu, os garotos gritaram, comemoraram e me elogiaram. Mas havia mesmo a necessidade de me diminuir por eu ser uma garota antes? Quer dizer que, por ser uma garota, eu não tenho o direito de jogar mal? Que, por ser uma garota, eu tenho que mostrar o meu "valor" no jogo? Preciso ser melhor que os caras para merecer algum respeito? 

Isso tudo é muito triste, de verdade. Não sei o quão difícil de entender é, mas eu comprei o jogo e comecei a jogá-lo pra me divertir, assim como todo mundo ali. Eu acho CS:GO divertido. É legal jogar. Não quer dizer que eu jogue sempre bem, mas eu gosto de jogar. Acontece. Isso não acontece só comigo. Acontece com meus amigos, conhecidos, com meu namorado. Mas se torna um problema pelo simples motivo de que eu sou uma garota. Como uma garota, eu tenho que constantemente provar que mereço estar ali, ou não serei bem-vinda. 


Isso tudo é ridículo. A comunidade do CS:GO é tóxica, mas ela é muito, infinitamente mais tóxica se você é uma garota. E isso é simplesmente horrível. É algo que me entristece demais. É algo que não tem motivo nenhum, e que estraga um ambiente que podia ser muito legal por nada

Quando esse tipo de coisa acontece, as pessoas me dizem "muta eles, Maah" - fazendo isso eu preciso jogar me preocupando em olhar as minhas costas, porque não posso escutar os avisos das pessoas - ou "ignora, Maah", em que eu preciso jogar ouvindo pessoas falando merda pra mim.


E qual é a solução, então? Bem, os caras pararem de encher o saco. É simples assim. Aprenderem a tratar mulheres como todo mundo. Entender que SIM, garotas jogam jogos. Se eu errei e você quer reclamar comigo, parabéns, vá em frente. Só não misture o fato de eu ser mulher com nada disso, porque não tem nada a ver

E, se você, leitor, ou você, menino gamer, acham que garotas não devem jogar jogos, por favor, entendam que vocês não são especiais por ter um controle/mouse na mão


E se você, leitora, tem vontade de jogar um jogo, jogue-o. Você podeE garanto que você vai se divertir também. Tem jogos de todos os tipos por aí. Sei que esse machismo todo acaba afastando a gente, mas vamos juntas. Chame suas amigas - e amigos maneiros - e crie um ambiente legal pra você jogar. Pode até me chamar se quiser, hehe <3 

Bom, é isso, mores. Verifiquem suas maneiras em jogos e, independente de serem machistas ou não, tentem não se estressar e xingar menos, tá? Nada de perder amizade por causa de jogo. Beijos e até a próxima!

segunda-feira, 28 de maio de 2018

{♣} Terrace House: Opening New Doors

Bem, se você me conhece (ou lê esse blog, ou já interagiu comigo em algum momento da sua vida), você sabe que eu gosto de coisas japonesas. Animes, principalmente, mas a cultura japonesa me fascina num geral. Quando meu namorado me falou de Terrace House, entretanto, eu não fiquei particularmente animada. Um BBB japonês? Mehhhh. Até que eu resolvi (ele me convenceu?) assistir a alguns episódios de Terrace House: Opening New Doors. E, é claro, me apaixonei completamente. 

Cast de Terrace House: Opening New Doors

Primeiramente eu preciso desfazer vocês do mal-entendido de que Terrace House é um tipo de Big Brother Brasil: Não é. Ninguém fica confinado, não existem provas para decidir líderes, anjos e nem nada disso. Terrace House é simplesmente uma série que, como dito na abertura de todos os episódios, junta seis estranhos para morarem juntos na mesma casa e observa como eles interagem entre si.