Karuta Competitivo I

Ya-hello! Tinha prometido contar sobre a minha experiência jogando Karuta, e aqui estou. Se você ainda não sabe - ou se gostaria de relembrar - o que é Karuta, cheque este post. Agora, mãos à obra (acho que esse vai ser outro dos meus posts enormes).

Meu primeiro contato oficial com Karuta foi no festival do Japão do Rio, em agosto de 2017. Eu já seguia o Meguriai Kai (a associação de karuta de São Paulo) no facebook há alguns anos, mas de maneira nenhuma imaginava encontrá-los por lá. 

Foi uma sensação mística até: eu estava no meu primeiro ano de estudos de japonês, e vi, em hiragana, um estande com o nome de "かるた". Ainda com o cérebro desacostumado com o japonês, precisei pensar um pouco para ler, e, assim que terminei, repeti em voz alta "Karuta? Karuta?!" e comecei a gritar e puxar minha amiga que estava comigo para que pudéssemos fuçar o estande. Foi uma daquelas sensações magníficas e difíceis de serem reproduzidas. 

A famigerada camiseta

Enfim! Neste dia, coincidentemente, eu estava com minha camiseta de Chihayafuru - o único anime de karuta que existe - e, assim como eu surtei com o pessoal do Meguriai por eles estarem lá, eles surtaram por causa da minha camiseta. Foi uma sensação de troca de amor nível a Shinobu e a Chihaya apaixonadas pelas camisetas uma da outra na primeira vez que jogaram juntas. Acabou que pediram para tirar uma foto minha para postar no blog, e eu concordei, me sentindo famosíssima (e muito sem-graça).

Passados os surtos iniciais, fomos ao karuta de fato. O pessoal do Meguriai tinha trazido algumas cartas de treino, com as sílabas decisivas das cartas escritas, para que todos pudessem jogar. Então eles espalharam essas cartas na minha frente e de mais algumas outras pessoas para que pudéssemos pegá-las o mais rápido que conseguíssemos. Era o chirashi, uma das maneiras de se jogar karuta, que pode servir, também, como aquecimento antes das partidas competitivas - nos encontros do Meguriai, o pessoal sempre começa com chirashi.

Chirashi e minhas primeiras cartas no chirashi (♥) 

Então assisti a um exemplo de karuta competitivo entre duas membros do grupo - quase derretendo por escutar os poemas sendo lidos na minha frente - e resolvi que eu definitivamente precisava jogar karuta algum dia. 

Dois anos se passaram e, mês passado, para minha felicidade, finalmente consegui ir a um encontro do Meguriai! Fui com uma amiga do twitter, que muito felizmente se ofereceu para ir junto comigo quando eu perguntei se alguém queria me acompanhar (Eu estava morrendo de vergonha de ir sozinha). Chegando lá jogamos o chirashi para aquecer e, para minha surpresa e infelicidade, minha primeira carta foi Yae. 

"Yae"

A primeira carta que você pega no karuta se torna uma carta importante. Ela foi a sua primeira carta, afinal. Sua primeira "amiga entre as cartas", a primeira carta que você conheceu, enfim. Todo mundo tem uma, e a minha acabou sendo Yae.

Aos poucos estou aprendendo a amá-la (apesar de nunca conseguir pegá-la), mas por já ter assistido Chihayafuru e ter algumas cartas que são minhas favoritas, acabei ficando bem decepcionada por ela ter sido minha primeira carta. Caso estejam curiosos, algumas das minhas cartas favoritas são: Yura, as três Chi (Chiha, Chigirio e Chigiriki), Shino e Se. Enfim, aprenderei a amar Yae e, aos poucos, aprenderei a amar todas as cartas. Amém.

Prosseguindo. Depois do desastre da Yae (que agora já vejo que não foi tão desastre assim, vai) no chirashi, prossegui para, finalmente, a minha primeira partida de karuta competitivo de verdade. Ela foi contra a amiga que foi comigo, e os senpais explicaram que seria uma partida 20-20 (vinte cartas para cada lado, ao invés de vinte e cinco, que é o normal) com 3 cartas mortas (geralmente são 50). 

Eu com meias de Sailor Moon e
 com a última carta do jogo

O jogo foi bem acirrado, e, para minha surpresa/felicidade, terminamos em uma Unmei-sen, sorte de leitura. Isso acontece quando cada pessoa só tem uma carta em campo. A sorte é da pessoa que ter a carta de seu campo lida, já que ela está muito mais próxima de você e é muito mais fácil de pegá-la. Era sempre um dos meus momentos favoritos em Chihayafuru, então fiquei extasiada quando vi acontecer na minha primeira partida.

Sortuda como sou, a carta da minha oponente foi lida, e minha primeira partida de karuta terminou sendo a minha primeira derrota! Nem liguei, lógico, e só fiquei "meu deus, eu participei de uma sorte de leitura!" me sentindo a pessoa mais sortuda e feliz do universo (vale dizer que até hoje, tendo ido 3 vezes aos encontros, eu ainda não tive minha primeira vitória no 1x1 hahaha mas ela virá!!!!) 

Enfim, depois do 1x1 eu percebi que meus pés não estavam em bom estado - não subestimem o seiza, crianças - e precisei ficar jogada por algum tempo enquanto o pessoal organizava os times para uma partida de genpei - uma partida 3x3 com todas as 100 cartas em campo. Terminei ficando no time das japonesas e pude treinar meu japonês (foi ótimo, elas foram umas fofas e me elogiaram muito ;_;)! No fim, nosso time ganhou e eu fiquei muito satisfeita por ter conseguido pegar algumas cartas que queria muito pegar - como Shino, Yura e Chiha!

Saí do meu primeiro encontro sentindo como se tivesse ganhado o mundo! Foi uma das melhores experiências da minha vida, sem dúvidas. Acabei com meus tornozelos (fiquei 3 horas sentada totalmente errado no seiza e os destruí) e passei uns dois dias com os músculos da perna e da bunda doendo pra caramba, mas foi fantástico! 

Na semana seguinte eu ainda estava em São Paulo, e felizmente pude, mais uma vez, ir ao encontro! Dessa vez me colocaram para jogar contra um menino que começou a jogar karuta no final de 2018, e, mais uma vez, eu lutei bravamente... E perdi! Cometi minha primeira falta jogando contra ele, e fiquei toda feliz por causa disso. Também bati em várias cartas Ta de uma vez, jogando elas pra fora do campo, e foi super legal! O pessoal ficava rindo da minha empolgação enquanto eu tinha minhas várias "primeiras vezes" com relação ao karuta. 

Depois, como na semana anterior, jogamos mais uma partida genpei (desta vez 2x2), e com ela eu me apaixonei pela carta Se. Eu tinha gravado o campo do oponente mais ou menos, e, quando a carta foi lida, minha mão se moveu, como se sozinha, para pegar a carta! Foi minha primeira carta de uma sílaba do campo de um oponente, e eu senti que minha pegada foi muito sólida, sei lá! Fiquei super feliz e acabei me apaixonando pela carta Se. Sou uma garota simples, afinal. 

Então, voltei para o Rio e fiquei me roendo nas semanas em que não pude jogar. Aí, de volta para São Paulo agora no começo de maio, participei do encontro. Fui oficialmente convidada para me tornar membro de Meguriai - já cheguei mandando os "yoroshiku onegaishimasu" tudo - e joguei contra o Rafa, um senpai que foi um dos que jogou karuta lá no Omi Jingu, no Japão! Imagina o meu nervoso. Perdi maravilhosamente, é claro, mas também tive uma pegada (existe uma tradução melhor para take, meu deus?) que me deixou orgulhosa - e que ele próprio também elogiou:

A carta Chiha já tinha sido lida, e só restava as duas outras Chi. Uma delas estava no meu campo e a outra no campo do senpai (agora não lembro quem estava com qual). Pelo que pude perceber, eu estava olhando pra carta dele e ele pra minha carta, então assim que ouvimos Chi, avançamos um para a carta do outro. Mas a carta que foi lida acabou sendo a minha, e, assim que percebi, mudei o trajeto da minha mão e voltei correndo para pegar a Chi que estava no meu campo. Acabei conseguindo pegar ela antes do senpai e ele ficou todo "Que rápida! Você sabia que tinha outra em campo?" e eu fiquei só a felicidade, né. Sei lá, karuta é mágico e eu já estou entrando no modo fangirl total. 

Uma outra senpai, a Tati, deixou um baralho de karuta comigo para que eu possa jogar no Rio - eu queria tanto conseguir montar um grupo de karuta por lá! - e eu o estarei levando com o intuito de recrutar pessoas. Ai, a Tati foi uma fofa. Todos foram muito legais comigo, está sendo uma experiência ótima! Mal posso esperar pelo próximo encontro (que vai ser essa sexta, thank god porque não aguento mais a ansiedade pra jogar karuta). Já me ajudaram com meu tornozelo machucado, fizeram testes de memória comigo, me corrigiram, enfim. Sei lá, amo todos, amo karuta, tô emocionada. Este post acabou sendo mais um post pra eu reler e lembrar o quanto minha primeira experiência com o jogo foi incrível, mas espero que tenha conseguido inspirar alguns de vocês a se interessarem por este incrível jogo. 

Já tenho um baralho oficial e planejo fazer um baralho de treino em casa nas próximas semanas para poder jogar no Rio. Duas amigas estão dispostas a tentar jogar comigo também, o que é super legal. Vamos ir estudando juntas e afins. E, se por um acaso, você, leitor, tiver algum interesse em jogar karuta no Rio de Janeiro, é só falar. Pode mandar mensagem por aqui ou na DM do blog no twitter. Estarei feliz em receber e ensinar o que sei para quem tiver interesse (♥).

É isso, povo. Minha primeira experiência com karuta competitivo acabou se tornando "a primeira vez que encontrei o Meguriai e os três encontros deles que participei", mas espero que tenham se divertido com meus surtos. O post deve ter ficado gigantesco (acho que estou escrevendo ele há três horas?!), mas enfim. Amor é amor, né.

Beijos e até a próxima! Venham jogar com a gente, seja no Rio ou em São Paulo! ♥♥